AFZ – Resposta a um apelo solidário

No jornal «Público», da passada terça-feira, 31 de Março, veio noticiado um apelo aos cidadãos, para que fizessem chegar ao Hospital Central Barreiro-Montijo, ajudas a nível de desinfeção (máscaras, desinfetantes, fatos de proteção), ou bens alimentares para as equipas de serviço da “linha da frente do Hospital”, equipas essas muito reforçadas, dada a pandemia que atravessamos. Atualmente, segundo informação do Chefe das “Urgências”, por cada turno estão presentes o triplo dos profissionais de saúde.

Não conseguindo ficar indiferentes ao apelo, por uma questão de humanismo e também pela estima que temos pelos  Administradores  e Diretor do Centro Hospitalar Barreiro – Montijo, bem como com o Sr. Presidente da Câmara Municipal do Barreiro e restantes colaboradores, habituais frequentadores do nosso espaço, foram desencadeados os contactos necessários no sentido de se materializar esta nossa intenção de corresponder, dentro das nossas limitações, a este importante apelo solidário.

Num destes contactos, o Sr. Presidente da CMB, Dr. Frederico Rosa, manifestando já uma certa saudade pelo nosso Cozido á Portuguesa, solicitou o fornecimento deste prato ao Posto de Operações do Barreiro, instalado na Escola de Santo André, onde a incansável Proteção Civil – Comandantes dos Bombeiros, Presidente da Câmara e os seus braços direitos – está diariamente, horas a fio, tentando controlar a situação pandémica do concelho do Barreiro.

Preparado o cozido, foi criada uma logística, no nosso snack-bar, providenciamos a loiça, talheres, toalhas de papel e guardanapos, selamos higienicamente todo o material, levamos queijos fatiados, pão, águas de 1,5L, bolo molotofe o nosso tão conhecido bolo de bolacha. Os cozidos foram em caixas devidamente fechadas e descartáveis.

Pela importância e significado das palavras que se seguem, transcreve-se o email dirigido ao Presidente da Direção da Associação de Fuzileiros, redigido pelo casal responsável pelo nosso Snack-Bar – o Bruno e a Joana:

“Talvez seja difícil conseguir expressar a gratidão que senti nos olhos de cada um, homens exaustos, com poucas horas de sono, mas firmes numa luta sem previsão de fim.

Jamais esquecerei as primeiras palavras do Sr. Presidente ao entrar na sala, salientando o cheiro maravilhoso que pairava no ar, do nosso maravilhoso cozido e mais uma vez agradeceu, agradeceu muito a iniciativa, salientando que as ajudas eram escassas à data. Todas as embalagens levaram uma frase habitualmente dita por ele, que o deixou orgulhoso e feliz”.

O tempo era pouco, porque outra missão estava à minha espera, levar todo o material para o Hospital.

Voltei para o nosso Snack-Bar e, com a Joana, organizamos as caixas para acondicionar os produtos, fizemos cerca de 100 salgados (rissóis de camarão e croquetes de carnes), uma palete de águas, uma palete de sumos e outra de leites individuais, uma caixa dupla de maçãs, dois bolos de bolacha (a nossa marca) e uma caixa de suspiros.

Carregada a carrinha, chegamos ao Hospital, onde há coisas do destino, o médico que se encontrava na tenda da proteção civil instalada no Hospital, e a primeira pessoa com quem falamos, ligou para a Chefe das Urgências e salientou orgulhosamente que só podíamos ser nós a ir lá fazer aquela doação porque ele, além de médico, foi também Fuzileiro, o destino tem destas coisas.

A chefe das Urgências veio ao nosso encontro, trazendo com ela elementos da equipa, que nos ajudaram a transportar as coisas, e esteve a conversar um pouco connosco, salientando que as dificuldades que os profissionais de saúde são mais que o que é noticiado, que a carência alimentar é muita, que as equipas precisam destes donativos, para poderem ter outra capacidade de resistência, e agradeceu-nos profundamente tudo o que levamos.

Passado cerca de 20 minutos, recebi uma mensagem de um médico amigo, Vasco Firmino, pneumologista do Hospital do Barreiro, com uma fotografia da nossa comida na sala dos médicos, a dizer que o nosso bolo de bolacha era fantástico, e a agradecer em nome dos médicos da Urgência.

O que eu fiz, foi uma gota, mas sinto-me leve, feliz e emocionado, com uma sensação de dever cumprido, de paz interior.

Graças também a si, ao seu apoio e suporte, à sua força neste momento tão difícil para o Mundo inteiro.

Espero que tenha conseguido fazer-lhe sentir a emoção e felicidade que senti hoje.

Abraço Senhor Comandante”.

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