Alocução do Presidente da Associação de Fuzileiros
Dia do Fuzileiro, 6 de julho de 2024
Sempre que observo este enquadramento à volta do Monumento ao Fuzileiro, nestes Dia do Fuzileiro cala-me fundo o simbolismo cheio de significado, envolvendo o passado, o presente e largando pano em direção ao horizonte do nosso futuro que ambicionamos.
Profundo, marcante e cheio de significado pela simplicidade das linhas e clareza no conteúdo da mensagem inserida no monumento, das nossas cores, de que pintamos os nossos Guiões desfraldados ao vento, da juventude e da veterania nos rostos dos Fuzileiros que integram a Guarda de Honra e os que são Porta-guiões, lado a lado, de par em par, da lembrança de onde vimos, o Terço da Armada da Coroa de Portugal, a Brigada Real de Marinha, os Destacamentos de Fuzileiros Especiais, as Companhias de Fuzileiros, lado a lado com as cores do Corpo de Fuzileiros de hoje e as cores do movimento cívico que envolve os nossos veteranos, a Associação de Fuzileiros, as suas Delegações e os Núcleos.
Profundo, marcante e cheio de significado pela homenagem que aqui se presta, em continência a todos os que serviram Portugal, na Marinha, como marinheiros do fuzil, soldados em terra e marinheiros no mar, ao longo dos últimos 403 anos, que já realizaram o seu último desembarque e que ao som da Alvorada nos insufla as velas de nova energia para continuarmos. Lembro individualmente os Sócios da Associação de Fuzileiros que neste último ano realizaram o seu último desembarque:
- José Joaquim Dias de Carvalho
- Moisés Fernandes de Almeida
- João António Dordio Pegacho
- Américo Rodrigues André
- Luís Alberto Pessoa da Fonseca Castro (Presidente da DFZBA)
- Nuno Manuel Escaleira
- José Júlio Rio Carvalho
- Carlos António Saraiva Ribeiro
- Vasco Manuel Teixeira da Cunha Brazão (Presidente da Mesa da AG)
- Carlos Alberto Fernandes Mascarenhas
- Manuel Gomes dos Santos
- Luís Alves Barroco
Cheio de significado, ainda, porque incorpora também a história deste dia, que resumo numa frase: juntos vamos mais longe! Uma decisão, à volta da mesa, envolvendo representantes de duas entidades que, em rotas paralelas, singram o mesmo rumo, o Corpo de Fuzileiros, pelo então seu Comandante, Contra-almirante Cortes Picciochi e a Associação de Fuzileiros, pelo seu saudoso Presidente, Dr. Ilídio Neves e pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, Contra-almirante Leiria Pinto.
É, certamente, a forma mais clara de abordar os 403 anos de fuzileiros, de, numa imagem, deixar transparecer o sentimento comum e o orgulho que se respira em cada boina que aparece no Dia do Fuzileiro e que nos dá alento para confiar no futuro.
Excelentíssimo Senhor Comandante Naval, Ilustre almirante Nuno Chaves Ferreira este é momento adequado para publicamente a Associação de Fuzileiros agradecer, por um lado, o apoio e consideração que a Marinha, continuamente e sem alardes, vem dando às nossas atividades, tenham elas a natureza de atividades lúdicas como é o caso da descida do Arade, da implementação do Prémio Associação e Fuzileiros, para os alunos dos cursos de Fuzileiros, a disponibilização de meios para edificação de memoriais, a presença constante de deputações do Corpo de Fuzileiros nos eventos das nossas Delegações e Núcleos ou a presença distinta para estarmos no Dia da Marinha.
É também o momento certo para lhe transmitir o nosso reconhecimento pela forma como o Corpo de Fuzileiros, sob a liderança do Comodoro Valente Tinoco e em particular à guarnição da Escola de Fuzileiros, oficiais, sargentos, praças e funcionários civis, sem diferenciação de classe, nem categoria, acolhem o planeamento e a implementação deste evento do Dia do Fuzileiro. Este ano, fruto de condicionantes de saúde não acompanhei as atividades de organização dos espaços mas ficará retido na memória, para o resto dos meus dias, o brilho nos olhos de uma camarada de comunicações, quando me viu a deambular, tirando fotos, o ano transato e me abordou apontando-me para um conjunto de bandeiras de sinais: senhor comandante, consegue ler o que está ali… está aqui em baixo um QRCode para descodificar, era Feliz dia do Fuzileiro. E lá seguimos viagem, guiados pela memória do fazer bem. Hoje quando às sete da manhã entrei aqui, o sentimento renovou-se!
Olhando para as treze edições já realizadas, nos dois anos de pandemia o Dia do Fuzileiro não se realizou, e para a presença, cada vez maior, de todas as gerações de fuzileiros, dos seus familiares e amigos há que reconhecer que aquela decisão de 2008, o sancionamento que se lhe seguiu e a sua primeira edição, em boa hora foram tomadas e tiveram sucesso.
Os Fuzileiros sentem-se orgulhosos e não olham a meios para aqui estar presente, Fuzileiros que no seu dia a dia são a Marinha e a sua divisa: “A Pátria honrae que a Pátria vos contempla”, “marinheiro e soldado na terra”, junto das suas comunidades e é aqui que buscam a renovação de energia, fundamentalmente pelo empenho decisivo da Escola de Fuzileiros e da sua guarnição, respaldada pelos meios do Corpo de Fuzileiros, em fazer deste dia um dia de Festa, do tamanho da dignidade que achamos merecer.
Senhor almirante Chaves Ferreira a Marinha pode contar connosco para contribuirmos, junto das nossas comunidades, para que os objetivos de desenvolvimento de uma cultura ligada à vida no mar, através da preservação da nossa história e identidade marítima e da adesão aos valores da camaradagem, entreajuda e de serviço público que revelamos possuir e praticamos no dia-a-dia.
Estimados camaradas e amigos, Sócios da Associação de Fuzileiros, se é verdade que hoje é um dia de festa, de convívio e de renovação dos vínculos afetivos é do resultado da partilha comum do conjunto de valores que aqui, na nossa Casa Mãe, foram exaltados em camaradagem, em entreajuda e para o serviço público e que agora nos enchem a alma, como o sangue salgado que nos corre nas veias e nos dá vida e que aqui nos faz voltar.
Nos faz dizer presente e nos leva a sermos agentes de divulgação da maritimidade, de solidariedade e do desenvolvimento económico e social junto das nossas comunidades, em articulação com as autarquias, que tão amavelmente nos acolhem e nos apoiam nas nossas atividades e com as instituições de solidariedade social locais que sabem que podem contar connosco.
Na persecução desse objetivo e de também de não deixarmos nenhum dos nossos para trás, porque temos a noção que vivemos num país envelhecido, com regiões interiores cada vez mais desertificadas, a Associação de Fuzileiros, os seus Órgãos Sociais, as suas Delegações, os seus Núcleos e os seus Sócios, criando sinergias e agregando vontades através da camaradagem, vem alargando a sua rede de segurança e hoje pode dar as boas vindas à deputação da nova Delegação de Fuzileiros de Trás-os-Montes, lançando o desafio para que os Fuzileiros de outras regiões lhe sigam a esteira.
A concluir, mas não menos importante, uma palavra de agradecimento ao Senhor Engenheiro Pires de Lima, ao Comandante Melo e Sousa e ao Comandante Rocha e Abreu, nosso Presidente do Conselho Fiscal por nos terem permitido incluir neste nosso Dia do Fuzileiro um momento cultural de grande valor para a preservação da nossa memória coletiva. Obrigado!
Façamos então deste dia, mais um dia memorável e marchemos a par, sem deixar ninguém para trás! Porque Há mil sonhos ainda a viver, Mil batalhas ‘inda por ganhar.
Carlos Teixeira Moreira
Presidente da Associação de Fuzileiros
